domingo, 10 de junho de 2012



REPORTAGEM 01 Seis características do professor do século 21 
 O mestrado é o caminho natural Mariléa Giacomini Arruda







Mariléa Giacomini Arruda
"Eu me formei em Letras há 20 anos e, assim que fiquei frente a frente com os alunos, percebi que não estava preparada para tantos desafios didáticos. Logo me dei conta de que os bons educadores, aqueles que realmente fazem a turma aprender, são os que não param de estudar. Comecei procurando textos para ler por conta própria. Levava esse material para a escola e discutia sobre ele com a equipe. Isso não só me ajudou a dominar cada vez mais o conteúdo curricular como também me deu ferramentas para pensar em novas formas de abordá-lo durante as aulas. Para me aperfeiçoar ainda mais, senti que precisava voltar à universidade. Optei por cursar um mestrado em Língua Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Estudei a questão gramatical, o que me deu embasamento para trabalhar o tema com meus alunos de 5ª a 7ª séries. No início da carreira, eu tinha uma visão mais tradicionalista. Valorizava apenas a parte formal da gramática, acreditando que os estudantes deveriam saber de cor o que é um advérbio e um adjetivo. Quando passei a ter acesso à bibliografia sobre o tema, percebi que mais importante é eles compreenderem a função desses elementos na construção do sentido do texto. Eu também tinha uma noção simplista de certo e errado até entender a lógica dos ditos erros gramaticais dos alunos. A integração entre o mestrado e a experiência em sala de aula leva a reflexões sistemáticas que eliminam barreiras entre a teoria e a prática. Acredito que a boa formação é o caminho para a Educação pública dar um salto de qualidade. Só assim os educadores vão dominar os conteúdos, fazer um planejamento de acordo com as diretrizes da rede e a realidade dos alunos e avaliar a própria prática. Sinto cada vez mais confiança em relação a meus conhecimentos e, quanto mais estudo, mais percebo como isso é imprescindível para ensinar bem."

Mariléa Giacomini Arruda , 57 anos, professora de Língua Portuguesa na EMEF Antonio Sampaio Dória, em São Paulo, SP
Diploma para todos
Graduação para os que ainda não se formaram e pós para os demais - assim se persegue a qualidade

1996 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que os docentes devem ter curso superior. O médio vale para Educação Infantil e anos iniciais;

2001 O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece metas para ampliar a oferta em cursos de mestrado e doutorado para professores da Educação Básica;

2006 É instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) com cursos a distância para levar a graduação aos professores dos rincões do país;
2007 Fim do prazo para que somente fossem admitidos professores com nível superior ou formados por treinamento em serviço, como previsto na LDB;

2009 Termina o prazo para que os estados elaborem planos de carreira docente. Muitas redes preveem salário maior para mestres e doutores;

2010 O Senado aprova a obrigatoriedade do nível superior para lecionar na pré-escola e nas séries iniciais. O projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados.

Elaborado por: Ezikiela  Data: 13/04/2012.




ENTREVISTA 01


Edição 22 - História no Ensino Fundamental
Raquel Glezer: Despertar o interesse pela pesquisa é fundamental.



Raquel Glezer é professora do Departamento de História da USP.

Graduada em história, com curso de doutorado em história social, Raquel Glezer é docente do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Atua tanto na graduação quanto na pós-graduação, com orientação de alunos em iniciação científica, aperfeiçoamento, mestrado, doutorado e pós-doutorado, pesquisa e extensão.
Ela foi professora da rede de ensino do Estado de São Paulo durante dez anos, quando lecionou as disciplinas de história do Brasil e história geral nos níveis fundamental e médio. É representante da área de história na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).
Em entrevista ao Jornal do Professor, Raquel Glezer diz que o material para trabalhar com história no ensino fundamental está na sociedade. Cabe ao professor selecionar o que é possível utilizar e de que maneira. E diz que despertar o interesse pela pesquisa é fundamental.

Jornal do Professor – Qual é a importância do ensino de história no ensino fundamental?
Raquel Glezer – O ensino de história nos anos iniciais de formação tem a finalidade de criar a noção de individualidade e de pertencimento a uma comunidade. Na prática, os professores podem trabalhar com os próprios documentos que a criança tem: certidões de nascimento, certificado de vacina, fotos familiares, histórias de família que eles podem coletar e editar.
O material para trabalhar com história está na sociedade. Cabe a cada professor selecionar, de acordo com a sua turma, com a sua escola, na comunidade em que atua, o material possível de ser utilizado e a melhor maneira de utilizar este material.
Uma boa aula de história pode utilizar todo e qualquer material existente na sociedade. Uma aula expositiva pode esclarecer algumas dúvidas, discutir de forma mais analítica o que vai ser realizado ou o que já foi realizado. Mas cabe uma atividade empírica com os alunos, de coleta de material, de organização, e, acima de tudo, de análise, para dar significado ao trabalho, de material coletado, que serve para que a criança possa entender o espaço em que ela vive, o espaço escolar, a relação familiar, a comunidade em que ela está inserida e ir ampliando esses elementos, progressivamente.
JP – A senhora acha que é possível despertar o interesse pela pesquisa entre os jovens estudantes? Qual é a importância de se fazer isso?
RG – A pesquisa pode ser feita de forma adaptada em qualquer faixa etária e é fundamental que seja possibilitado à criança a percepção de que conhecimento é algo em processo, em crescimento, que são etapas de formulação de conhecimento. Então, despertar o interesse é fundamental e mostrar que conhecer a sociedade é entender o mundo em que se vive.
JP – O que a senhora pensa a respeito da criação de blogs por professores de história?
RG – Todo e qualquer material que possa ser utilizado por professores e alunos é possível de ser utilizado, é compatível. E desde que os alunos possam entender que nem todo material da internet é material adequado para o trabalho, toda e qualquer ferramenta pode ser utilizada.
JP – Que pontos ou fatores são primordiais para a boa formação de professores de história e devem fazer parte de um curso de graduação?
RG – Fundamentalmente, um curso de graduação deve ter como objetivo permitir que o aluno aprenda a pensar e a raciocinar historicamente. Que ele aprenda a fazer leituras analíticas e críticas do material a que ele tenha acesso. Que ele consiga perceber a relação do conhecimento que está adquirindo, com a sociedade em que ele vive.
JP – Qual é a contribuição que um curso de pós-graduação pode trazer para o trabalho de um professor de história do ensino fundamental?
No meu ponto de vista trabalhar qualquer conteúdo de história significa dominar o instrumental metodológico e teórico da disciplina. Quanto melhor o professor dominar esse instrumental, melhores condições de trabalho ele terá com seus alunos. Na verdade, ele precisa entender como é que o conhecimento histórico é produzido para poder trabalhar com seus alunos no conhecimento histórico. Regulamentados pela Capes, a área de história possui 54 programas, até dezembro de 2008.
JP – Esse número atende as necessidades?
RG – Ainda há possibilidade de crescimento em áreas que ainda não são atendidas pelos programas de pós-graduação.
JP – Que áreas seriam essas?
RG - O extremo Norte é uma região em que ainda há necessidade; embora já haja alguns cursos no Centro Oeste, há possibilidade de crescimento, ainda, nessas regiões, porque são regiões em as universidades também são mais novas e que agora elas estão investindo no sistema de pós-graduação.
JP – A senhora teria alguma sugestão para os professores de história do ensino fundamental, do Brasil?
RG – O campo dos estudos históricos é absolutamente fascinante para quem está trabalhando nele. E ter a oportunidade de trabalhar o conhecimento histórico como conhecimento escolar, como algo que pode ser produzido na escola, com os alunos, é uma das oportunidades de exercício de criatividade e de compreensão de conhecimento científico, das mais significativas.
Entrevista com Profª. Drª. Mônica Portella- Parte II – Programa Sem Censura
Autor:Fátima Schenini
Elaborado por: Ezikiela  Data: 13/04/2012.
 



Um comentário:

  1. Olá!
    Estou passando para dizer que gostei muito da sua visita no meu blog, fiquei feliz em saber que você gostou das rosas de caixas de ovos.
    Gostaria também de parabenizá-la por seu blog, gostei muito do conteúdo!
    Beijos e boa semana!

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