REPORTAGEM 01 Seis características do professor do século 21
O mestrado é o caminho natural Mariléa Giacomini Arruda
Mariléa Giacomini Arruda
"Eu me formei em Letras há 20 anos
e, assim que fiquei frente a frente com os alunos, percebi que não estava
preparada para tantos desafios didáticos. Logo me dei conta de que os bons
educadores, aqueles que realmente fazem a turma aprender, são os que não param
de estudar. Comecei procurando textos para ler por conta própria. Levava esse
material para a escola e discutia sobre ele com a equipe. Isso não só me ajudou
a dominar cada vez mais o conteúdo curricular como também me deu ferramentas
para pensar em novas formas de abordá-lo durante as aulas. Para me aperfeiçoar
ainda mais, senti que precisava voltar à universidade. Optei por cursar um
mestrado em Língua Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Estudei a questão gramatical, o que me deu embasamento para trabalhar
o tema com meus alunos de 5ª a 7ª séries. No início da carreira, eu tinha uma
visão mais tradicionalista. Valorizava apenas a parte formal da gramática,
acreditando que os estudantes deveriam saber de cor o que é um advérbio e um
adjetivo. Quando passei a ter acesso à bibliografia sobre o tema, percebi que
mais importante é eles compreenderem a função desses elementos na construção do
sentido do texto. Eu também tinha uma noção simplista de certo e errado até
entender a lógica dos ditos erros gramaticais dos alunos. A integração entre o
mestrado e a experiência em sala de aula leva a reflexões sistemáticas que
eliminam barreiras entre a teoria e a prática. Acredito que a boa formação é o
caminho para a Educação pública dar um salto de qualidade. Só assim os educadores
vão dominar os conteúdos, fazer um planejamento de acordo com as diretrizes da
rede e a realidade dos alunos e avaliar a própria prática. Sinto cada vez mais
confiança em relação a meus conhecimentos e, quanto mais estudo, mais percebo
como isso é imprescindível para ensinar bem."
Mariléa Giacomini Arruda , 57 anos, professora de Língua Portuguesa na EMEF Antonio Sampaio Dória, em São Paulo, SP
Mariléa Giacomini Arruda , 57 anos, professora de Língua Portuguesa na EMEF Antonio Sampaio Dória, em São Paulo, SP
Diploma para todos
Graduação para os que ainda não se
formaram e pós para os demais - assim se persegue a qualidade
1996 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que os docentes devem ter curso superior. O médio vale para Educação Infantil e anos iniciais;
2001 O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece metas para ampliar a oferta em cursos de mestrado e doutorado para professores da Educação Básica;
1996 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que os docentes devem ter curso superior. O médio vale para Educação Infantil e anos iniciais;
2001 O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece metas para ampliar a oferta em cursos de mestrado e doutorado para professores da Educação Básica;
2006 É instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) com cursos a distância para levar a graduação aos professores dos rincões do país;
2007 Fim do prazo para que somente fossem
admitidos professores com nível superior ou formados por treinamento em
serviço, como previsto na LDB;
2009 Termina o prazo para que os estados elaborem planos de carreira docente. Muitas redes preveem salário maior para mestres e doutores;
2010 O Senado aprova a obrigatoriedade do nível superior para lecionar na pré-escola e nas séries iniciais. O projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados.
Elaborado por: Ezikiela Data: 13/04/2012.
ENTREVISTA 01
Edição 22 - História no Ensino
Fundamental
Raquel
Glezer: Despertar o interesse pela pesquisa é fundamental.
Raquel Glezer é professora do Departamento de
História da USP.
Graduada em história, com curso de doutorado em
história social, Raquel Glezer é docente do Departamento de História da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Atua tanto na graduação quanto na pós-graduação, com orientação de alunos em
iniciação científica, aperfeiçoamento, mestrado, doutorado e pós-doutorado,
pesquisa e extensão.
Ela foi professora da rede de ensino do Estado de
São Paulo durante dez anos, quando lecionou as disciplinas de história do
Brasil e história geral nos níveis fundamental e médio. É representante da área
de história na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes/MEC).
Em entrevista ao Jornal do Professor, Raquel Glezer
diz que o material para trabalhar com história no ensino fundamental está na
sociedade. Cabe ao professor selecionar o que é possível
utilizar e de que maneira. E diz que despertar o interesse pela pesquisa é
fundamental.
Jornal
do Professor – Qual é a importância do ensino de história no ensino
fundamental?
Raquel
Glezer – O ensino de história nos anos iniciais de formação
tem a finalidade de criar a noção de individualidade e de pertencimento a uma
comunidade. Na prática, os professores podem trabalhar com os próprios documentos
que a criança tem: certidões de nascimento, certificado de vacina, fotos
familiares, histórias de família que eles podem coletar e editar.
O material para trabalhar com história está na
sociedade. Cabe a cada professor selecionar, de acordo com a sua turma, com a
sua escola, na comunidade em que atua, o material possível de ser utilizado e a
melhor maneira de utilizar este material.
Uma boa aula de história pode utilizar todo e
qualquer material existente na sociedade. Uma aula expositiva pode esclarecer
algumas dúvidas, discutir de forma mais analítica o que vai ser realizado ou o
que já foi realizado. Mas cabe uma atividade empírica com os alunos, de coleta
de material, de organização, e, acima de tudo, de análise, para dar significado
ao trabalho, de material coletado, que serve para que a criança possa entender
o espaço em que ela vive, o espaço escolar, a relação familiar, a comunidade em
que ela está inserida e ir ampliando esses elementos, progressivamente.
JP –
A senhora acha que é possível despertar o interesse pela pesquisa entre os
jovens estudantes? Qual é a importância de se fazer isso?
RG – A pesquisa pode ser feita de forma adaptada em
qualquer faixa etária e é fundamental que seja possibilitado à criança a
percepção de que conhecimento é algo em processo, em crescimento, que são
etapas de formulação de conhecimento. Então, despertar o interesse é
fundamental e mostrar que conhecer a sociedade é entender o mundo em que se
vive.
JP –
O que a senhora pensa a respeito da criação de blogs por professores de
história?
RG – Todo e qualquer material que possa ser utilizado
por professores e alunos é possível de ser utilizado, é compatível. E desde que
os alunos possam entender que nem todo material da internet é material adequado
para o trabalho, toda e qualquer ferramenta pode ser utilizada.
JP –
Que pontos ou fatores são primordiais para a boa formação de professores de
história e devem fazer parte de um curso de graduação?
RG – Fundamentalmente, um curso de graduação deve ter
como objetivo permitir que o aluno aprenda a pensar e a raciocinar
historicamente. Que ele aprenda a fazer leituras analíticas e críticas do
material a que ele tenha acesso. Que ele consiga perceber a relação do
conhecimento que está adquirindo, com a sociedade em que ele vive.
JP –
Qual é a contribuição que um curso de pós-graduação pode trazer para o trabalho
de um professor de história do ensino fundamental?
No meu ponto de vista trabalhar qualquer conteúdo
de história significa dominar o instrumental metodológico e teórico da
disciplina. Quanto melhor o professor dominar esse instrumental, melhores
condições de trabalho ele terá com seus alunos. Na verdade, ele precisa
entender como é que o conhecimento histórico é produzido para poder trabalhar
com seus alunos no conhecimento histórico. Regulamentados pela Capes, a área de
história possui 54 programas, até dezembro de 2008.
JP –
Esse número atende as necessidades?
RG – Ainda há possibilidade de crescimento em áreas que
ainda não são atendidas pelos programas de pós-graduação.
JP –
Que áreas seriam essas?
RG - O extremo Norte é uma região em que ainda há
necessidade; embora já haja alguns cursos no Centro Oeste, há possibilidade de
crescimento, ainda, nessas regiões, porque são regiões em as universidades
também são mais novas e que agora elas estão investindo no sistema de
pós-graduação.
JP –
A senhora teria alguma sugestão para os professores de história do ensino
fundamental, do Brasil?
RG – O campo dos estudos históricos é absolutamente
fascinante para quem está trabalhando nele. E ter a oportunidade de trabalhar o
conhecimento histórico como conhecimento escolar, como algo que pode ser
produzido na escola, com os alunos, é uma das oportunidades de exercício de
criatividade e de compreensão de conhecimento científico, das mais
significativas.
Entrevista com Profª. Drª. Mônica Portella- Parte
II – Programa Sem Censura
Autor:Fátima Schenini
Referência: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idCategoria=8&idEdicao=24, acesso em 13/04/2013.
Elaborado por: Ezikiela Data: 13/04/2012.
Graduada em história, com curso de doutorado em história social, Raquel Glezer é docente do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Atua tanto na graduação quanto na pós-graduação, com orientação de alunos em iniciação científica, aperfeiçoamento, mestrado, doutorado e pós-doutorado, pesquisa e extensão.