sábado, 9 de junho de 2012

PROJETOS


O futuro chegou A modernidade não está apenas nas novidades tecnológicas e nos computadores de última geração, mas em algo bem mais simples e acessível: a integração do projeto arquitetônico com o ambiente, como mostram estas "escolas verdes" 01/11/2008 16:34 Texto Paula Pacheco e Rodrigo Ratier Foto: Maisa Prado Aluno da EM Prof. Veneza Guimarães de Oliveira participando do projeto de recuperação da área degradada do cerrado, em Mina do Areião Educando para os 4 Rs Nem todas as escolas têm o privilégio de estar em contato com a natureza ou nascer de um projeto ecologicamente correto. Mas, de fato, algumas atitudes simples podem render projetos pedagógicos sustentáveis para crianças e adolescentes. No Centro Educacional Miraflores, no Rio de Janeiro, professores, funcionários e crianças fazem coleta seletiva de lixo e recolhem pilhas, baterias e cartuchos de impressoras em contêineres especiais. O óleo da cozinha da escola e da casa dos alunos também é colocado em galões. O material é retirado por uma empresa, que o transforma em sabão - o produto retorna ao colégio como material de limpeza. Há também uma horta, adubada com o resto de frutas consumidas no lanche. "Esse espaço é fundamental porque ajuda a criança a perceber que faz parte do meio ambiente, acentua a coordenadora pedagógica, Romina Ghazale. "Os alunos plantam, observam a germinação, vêem o que as plantas precisam para crescer, colhem e preparam receitas com os alimentos. Pelo lúdico, formamos cidadãos conscientes." Outra ação do colégio foi investir no plantio de árvores para compensar o gás carbônico que é emitido, por exemplo, pelo transporte escolar e pela geração da energia utilizada na escola. Cada criança planta uma muda e ganha, além de uma cidade mais verde, oportunidade de entrar em contato direto com a terra. Em relação ao uso da água, a equipe optou por não trabalhar a questão apenas em datas comemorativas, como o Dia Mundial da Água, mas fazer do combate ao desperdício um projeto anual. "É muito mais fácil conscientizar desde a infância", acredita Romina. "E os alunos ainda mudam o comportamento das famílias ao chamar a atenção dos pais para a torneira aberta enquanto escovam os dentes." Essas atitudes se encaixam em um conceito conhecido mundialmente como 4 Rs: reduzir, reutilizar, reciclar e recuperar. Conforme a coordenadora do Instituto Ecoar, Miriam Duailibi, o gestor que não se alinhar a esse pensamento e demorar mais a se sensibilizar para a questão ambiental perderá o bonde da história. "Não haverá lugar no mercado de trabalho para quem não entender que é preciso se preocupar com a natureza." Segundo ela, nos próximos anos e décadas, os consumidores e investidores exigirão, cada vez mais, produtos e empresas ecologicamente corretos. Da mesma forma, a legislação tende a ficar mais exigente, com mais fiscalização. A escola, então, deve assumir seu papel dentro da comunidade, chamar funcionários, pais e moradores do entorno, mesmo que não tenham filhos matriculados, para discutir melhorias e tomar atitudes em favor do meio ambiente. "A vizinhança toda pode ser beneficiada se a coordenação e a direção assumirem uma postura aberta e comprometida", defende Miriam. Para dar o primeiro passo e começar a tornar o ambiente escolar sustentável, ela sugere a troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, a oferta de lanches e refeições naturais, a captação de água da chuva, a permeabilização de canteiros com plantas e árvores e o investimento em reciclagem e numa horta escolar. "Tudo isso explicando os motivos de cada atitude e promovendo o engajamento e a sensibilização", ensina. Uma nova Ética Para que um projeto ecológico seja completo, é preciso ir mais a fundo nas noções de sustentabilidade. De acordo com Regina Migliori, consultora em cultura e paz da Unesco a Organização para a Educação, Ciência e Cultura, das Nações Unidas, nos últimos 15 anos muitas instituições tomaram providências, como economia de água e reciclagem. "Essas ações são relevantes, mas não mexem no cerne da questão, não mudam o modelo", adverte. "É importante que as escolas revejam seus valores sobre o desenvolvimento e sobre o processo educativo." A formação de cidadãos conscientes, preparados não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a necessidade global de agir com responsabilidade ecológica, depende, segundo Regina, de a escola partilhar sua responsabilidade: "Hoje, o comum é colocar-se numa postura passiva em relação à comunidade. Muitas reclamam que as famílias não cooperam, que não há integração, mas não basta diagnosticar. É preciso agir." Conforme a consultora, reunir a comunidade num auditório e ouvir a opinião de todos não é suficiente. É preciso dividir as responsabilidades ambientais e sociais com seus integrantes. "Nascerá, assim, um modelo de gestão mais atraente e participativo", sustenta. Além disso, segundo ela, os objetivos também devem ser ampliados. Ou seja, se a escola quer formar um indivíduo que agirá beneficamente com a sociedade e com a natureza em todos os momentos de sua história, ela deve apostar não só no desenvolvimento intelectual mas também no aspecto ético. "Hoje trabalha-se com objetivos pequenos, como se preparar para uma profissão que permita a compra de uma casa com uma porção de eletrodomésticos", ilustra Miriam. "Mas, no ritmo em que a humanidade está produzindo e utilizando os recursos ambientais, em 30 anos a Terra não será igual ­- nem o mercado nem as profissões. Por isso, é urgente capacitar os alunos a mudar o modelo de vida", completa.

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